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Como uma sede de ser homem, ainda

Gabriel Mwene Okundji
 

 

Como uma sede de ser homem, ainda (Comme une soif d'être un homme, encore), primeira antologia em português do poeta franco-congolês Gabriel Mwene Okundji, marca uma importante adição à cena da poesia contemporânea no país, fortalecendo a presença de vozes plurais e inovadoras no panorama literário brasileiro.

 

Gabriel Mwene Okundji é reconhecido como uma das grandes vozes da poesia africana de língua francesa nas últimas décadas. Sua obra, fluida e magnificamente clara, é uma busca fervorosa pelas origens naturais e míticas, um eco da palavra ancestral, que dialoga com a terra original e nos recorda a poesia de Léopold Senghor. Nascido no Congo, em 1962, e radicado na França, sua extensa obra obteve premiações importantes, entre elas, o Prix de Poésie Contemporaine PoésYvelines (2008), o Grand Prix Littéraire d’Afrique Noir (2010), o Prêmio Léopold Sédar Senghor de Poesia do Cenáculo Europeu Francófono (2014) e o Prêmio Internacional de Poesia Benjamin Fondane (2016).  


A antologia Como uma sede de ser homem, ainda inclui poemas do Ciclo de um céu azul (1996), Segundo poema — Poema do chão da infância (1998), A alma ferida de um elefante preto (2002), Vento louco me bate (2003), Prece aos ancestrais (2008), Estelas do raiar do dia — Diálogos entre a Ampili e o Pampu (2011) e Cantos do grão semeado (2014). Os acontecimentos da vida pessoal do autor e da vida social do seu país, permeados pela tentativa de reconstrução íntima e coletiva no período pós-independência, são abordados e reinventados com recursos estéticos próprios da escrita poética, tais como o emprego intencional de metáforas, a variação entre versos curtos e longos, a disposição dos textos com a intenção de explorar seus efeitos visuais e sonoros.

 

A poesia de Gabriel Mwene Okundji aborda as lutas pela independência de seu território de origem, a defesa da liberdade de pensamento e de expressão, a valorização das identidades étnicas e culturais a partir do reconhecimento de sua pluralidade interna, a crítica às tentativas de homogeneização das identidades étnico-culturais em função de um projeto de nacionalismo dependente e o intercâmbio entre suportes de expressão, que incluem as interferências sobre a herança linguística do colonizador, o uso das línguas locais e a interação entre recursos da oralidade e da escrita.

 

Segundo o poeta Edimilson de Almeida Pereira, que assina o posfácio da presente publicação, “a violência e o medo, a contradição e o engano, bem como a beleza e a sensibilidade, a cooperação e o sonho estão no tecido dessa antologia. Num tempo de rupturas dos pactos que sustentam a vida em comunidade, a obra de Okundji — sem ignorar a herança histórica dessas rupturas — demonstra a importância de recuperarmos ‘a sensibilidade necessária ao humano em sua relação com o cosmo’”.

 
Para Guilherme Gontijo Flores, que assina a tradução da antologia para o português, a poesia de Gabriel Mwene Okundji é de uma potência que muito raramente encontrada em livros. “Nela vemos a um só tempo a força da escrita e a mutabilidade da fala, o assentamento na ancestralidade e o devir do presente, em suma, a poesia como filosofia, história, rito e congregação de uma coletividade. Ela tem sua estética, que é poderosíssima, mas é como se aqui o esteticismo de fato devesse ceder a uma força vital que, em seu animismo assumido e em seu reconhecimento da tradição teghe desdobrado em língua francesa, pedisse para circular seu movimento por outros lugares.”

 

Para a primeira publicação em português da obra Gabriel Mwene Okundi foi acrescentado o texto em prosa Aprender a dar, aprender a receber, que é um verdadeiro testamento poético em vida de Okundji.

 

 

Como uma sede de ser homem, ainda

Autor: Gabriel Mwene Okundji
Posfácio: Edimilson de Almeida Pereira
Tradução: Guilherme Gontijo Flores
Design gráfico e diagramação: Marcello Kawase
Editora: Ars et Vita
Ano: 2025
Formato: 14 x 21 cm
283 páginas
ISBN: 978-85-66122-25-1

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