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A travessia do desastre

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2020 - 2022

A Travessia do Desastre apresenta uma exposição individual de François Andes, com curadoria de Luiz Gustavo Carvalho. Concebida em 2016 e ampliada durante dois períodos de residência artística no Vietnã, entre 2018 e 2019, na Villa Saigon, este projeto apresenta um conjunto de obras que contempla desenhos, animação, esculturas, figurinos, máscaras e composições musicais.

Como discernir na humanidade o que é essencial quando nos encontramos diante de uma parede na qual está gravado o lema Vigilia Pretium Libertatis? Como a sociedade pode contemplar tais paisagens devastadas por seus genocídios organizados enquanto se lança no século XXI no meio de um ecocídio com desastrosas conseqüências? Diante dessas questões, o processo criativo de Andes e Carvalho une várias crenças para questionar a evolução do relacionamento do homem com a natureza, especialmente com os ecossistemas ligados à água e às florestas, buscando em várias mitologias as chaves para reinventar nossa realidade ou nos permitir, pelo menos, para atravessá-la. O eixo curatorial principal escolhe como protagonista um curso de água que atravessa diferentes territórios e culturas. Assim, a pesquisa artística e curatorial expõem analogias e sincretismos que podem ser encontrados entre representações de divindades femininas e masculinas ligadas à água e à floresta em várias culturas ao redor do mundo. Uma passagem entre o reino da vida e a morte, do velho ao novo mundo, um território de exploração infinita, muitas vezes carregando em si a origem da vida e podendo penetrar os territórios mais inóspitos, os rios e florestas da exposição também trazem uma reflexão sobre as fronteiras entre os espaços selvagens e os espaços civilizados, um território privilegiado de Ártemis na mitologia grega, Oxum na cultura iorubá e as deusas-mães no Vietnã. Além disso, incentiva a significação das transformações e distúrbios da natureza no comportamento predatório do homem na Terra. A destruição de áreas naturais, o desmatamento, a poluição atmosférica, a contaminação da água e a exploração excessiva de recursos perturbaram radicalmente nossa terra e poderiam se tornar o terreno fértil para novas figuras mitológicas, bem como o surgimento de novas crenças.

O artista confronta nossa realidade com uma fauna e população incomuns, colocadas no papel de forma crua e visceral, unindo-se a uma tradição que o distancia das fórmulas surrealistas e aproxima-o do mundo de Hieronymus Bosch, Pieter Breughel ou Alfred Kubin. 

Como em Orestes, de Eurípides, o sobre-humano na obra dos Andes começa onde o humano permanece. Mergulhar neste trabalho é abordar nossa ancestralidade e nossa própria bestialidade - talvez a única maneira de atravessar o desastre que agora se torna bastante real.

Curadoria Luiz Gustavo Carvalho

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Vietnã – Cidade de Ho-Chi-Minh

de 13 de fevereiro a 28 de março de 2020

Galerie Quynh

Brasil - Curitiba

de 07 de maio a 26 de setembro de 2021

Museu Oscar Niemeyer 

Brasil - Belo Horizonte

de 18 de outubro a 30 de novembro de 2021
Galeria Celma Albuquerque

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