Olhar para a noite como uma paisagem virgem, habitada por uma vegetação densa e por uma fauna infinita de seres imaginários. A percepção da insônia como tempo e espaço para penetrar esse universo, assim como uma fronteira entre o real e o imaginário, o visível e o invisível, o consciente e o inconsciente. Noites brancas, vistas como a possibilidade de encontro com as nossas inquietudes e angústias existenciais, mas também com os nossos fantasmas e pulsões. Este reino das sombras, onde o que mais tememos é estar confrontado consigo mesmo.
A partir das Variações Goldberg, de Johann Sebastian Bach, o espetáculo “BWV 988: Trinta possibilidades de transgressão” explora as fronteiras da natureza humana, unindo três linguagens artísticas: a música, na interpretação pianística de Gustavo Carvalho (Brasil); o universo visual de François Andes (França); e a dança, através da coreografia e interpretação da bailarina Jacqueline Gimenes (Brasil).
No espetáculo, a ação humana de atravessar, exceder, ultrapassar, transgredir é acompanhada da desconstrução de normas que estabelecem e demarcam limites. A partir de uma esfera geográfica, “BWV 988: Trinta possibilidades de transgressão” transita rumo à concepção ético-filosófica, abordando crenças, preceitos morais e até as leis da sociedade contemporânea. Inspirada em Foucault e em Bataille, a transgressão é abordada como um acontecimento do ser que ocorre nos limites do ser, acontecimento no qual esses limites são simultaneamente violados, revelados e abolidos.
BWV 988: Trinta possibilidades de transgressão De 11 a 13 de outubro, no Teatro Plínio Marcos - FUNARTE Brasília
Patrocínio: BRB - Banco de Brasilia